Empresários encontram grandes ideias de negócios em cidades pequenas
SARAH MAX
DO "NEW YORK TIMES"
Rick DeVos mal podia esperar para sair de Grand Rapids, Michigan. Ao terminar o segundo grau, ele primeiro estudou na Universidade Pepperdine, perto de Los Angeles, e depois passou um ano em Londres. Mas concluiu seus estudos perto de casa, no Calvin College. "Minha família tem raízes fortes em Grand Rapids", ele diz. "Eu sentia falta da humildade e dos pés no chão que caracterizam o centro-oeste".
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Agora, DeVos, 30, neto de Richard DeVos, co-fundador da Amway, vai tentar despertar em sua cidade natal, de 190 mil habitantes, o mesmo espírito empreendedor que encontrou nas grandes metrópoles.
Adam Bird/"The New York Times" | ||
Rick DeVos, que fundou o fundo de capital de risco Start Garden em Grand Rapids, cidade com menos de 200 mil habitantes em Michiga |
Em abril, ele criou o Start Garden, um fundo de capital para empreendimentos para empresas em estágio inicial de desenvolvimento, com um total de US$ 15 milhões em recursos. As startups, que inicialmente receberão US$ 5 mil, terão um prazo de três meses para demonstrar suas ideias e concorrer por financiamento adicional em um evento mensal chamado Update Night. Não é uma competição feroz como a de "Shark Tank", diz DeVos, em referência ao reality show sobre empresários iniciantes. "Mas em termos do centro-oeste, é uma ideia com um pouco de contracultura, já que por aqui a reação normal a um projeto é dizer que a ideia é boa e prometer manter contato".
DeVos, como muitos outros profissionais de capital para empreendimentos e investimento inicial, acredita que o espírito empreendedor possa estar em toda parte, mesmo no centro-oeste dos Estados Unidos.
Incubadoras, conferências e aceleradoras de negócios, ou cursos rápidos de empreendedorismo - alguns dos recursos mais usados pelas startups - estão surgindo cada vez mais em regiões distantes de San Francisco, Boston, Nova York e outros nódulos de inovação tecnológica. Aproveitando a inspiração do Vale do Silício, pequenas cidades como Grand Rapids, Burlington (Vermont) e Bend (Oregon) estão fomentando a criação de novas empresas.
No Kentucky, o investidor Ray Moncrief ajuda a administrar quatro fundos com US$ 160 milhões em capital para investimento em empresas iniciantes na região dos Apalaches. "A maior parte das operações de capital para empreendimentos tem foco em uma das duas costas, mas isso não quer dizer que elas sejam os únicos lugares onde bons negócios podem ser encontrados", disse Moncrief. Ele avalia entre 70 e 100 ideias ao ano, e recentemente investiu em uma empresa que produz chips de carbono-silício para carros elétricos e outra que produz abrigos para pessoal das forças armadas.
"A estrutura de custos para criar uma empresa fora do Vale do Silício é muito mais atraente", disse Pete Bernardoni, diretor executivo da Wavepoint Ventures, da Califórnia, que está criando um segundo fundo para financiar companhias no norte do Estado, especialmente fora de San Francisco e do Vale do Silício.
"Há empreendedores espertos em toda parte que não desejam necessariamente transferir suas startups", ele diz.
Esse se tornou o hino das pessoas que promovem o desenvolvimento econômico em áreas distantes dos polos mais conhecidos.
Historicamente, esses esforços se concentram em atrair grandes empregadores para uma região. Mas agora promover o empreendedorismo é visto como segunda opção.
"Quando não há caminho claro para a criação de empregos, as organizações de desenvolvimento econômico precisam procurar outras maneiras de criá-los", diz Angelos Angelou, sócio diretor da AngelouEconomics, uma companhia de desenvolvimento econômico sediada em Austin, Texas. "O empreendedorismo certamente vem sendo o foco nos últimos 10 ou 15 anos".
O sucesso nem sempre é medido pelo crescimento no número de postos de trabalho. Muitas das melhores startups serão adquiridas por empresas de fora da região, e os empregos que geram as acompanharão. Outras, ainda, não encontrarão sucesso.
Mas mesmo que elas quebrem ou sejam vendidas para companhias externas, isso muitas vezes ajuda a gerar um círculo virtuoso que beneficia a economia local. Presumindo que os empreendedores se mantenham na sua região, podem criar novas empresas, financiar novos empreendimentos ou servir como mentores para novas gerações de empresas iniciantes, diz Brad Feld, co-fundador do Tech Stars and Foundry Group, fundo sediado em Boulder que investe em companhias iniciantes.
Feld diz ter investido em centenas de companhias iniciantes desde 1995, entre as quais cerca de 100 sediadas em Boulder.
"Os lugares se constroem de modo autônomo", ele diz, "mas isso em geral requer tempo".
As cidades ricas em startups em geral compartilham de algumas características. As universidades locais tendem a desempenhar papel importante. Mesmo que os alunos não aspirem a ser o novo Mark Zuckerberg, as universidades oferecerem recursos e, em muitos casos, mão de obra barata e entusiástica.
Burlington, por exemplo, aproveita a Universidade de Vermont, o Middlebury College e outras instituições próximas. Um núcleo urbano forte com restaurantes, arte e vida noturna também é importante. Em Austin, as casas de música da Rua Seis há muito servem de atrativo aos potenciais empreendedores, diz Angelou.
"Cada comunidade precisa desenvolver seus pontos fortes específicos", diz Richard Fox, sócio diretor da consultoria Astralis Group, sediada em Orlando, Flórida, e conselheiro da Associação Nacional de Fundos de Base e Empreendimentos.
Muitas ideias são fruto da necessidade.
Cerca de 250 quilômetros ao norte da fronteira da Califórnia, Bend, Oregon, era uma cidade industrial moribunda que renasceu nos anos 90 quando aposentados, proprietários de imóveis para férias e refugiados de zonas urbanas chegaram em busca de casas de preço acessível e de acesso fácil à beleza natural das montanhas Cascade.
Mas os velhos e novos moradores igualmente perceberam que tinham de fazer mais que provar a cerveja local e praticar mountain bike. As autoridades de desenvolvimento econômico sabiam que a cidade não conseguiria se sustentar apenas com o turismo e os serviços.
Em pouco mais de uma década, Bend, cidade de 78 mil moradores, criou um rico ecossistema, um termo que está ganhando popularidade nas regiões de empreendedorismo, e oferece uma aceleradora de negócios, um acampamento que treina aspirantes a empreendedor em cursos de final de semana, uma conferência anual de novos negócios e uma série mensal de palestras com empresários bem-sucedidos e empresas iniciantes em busca de capital para empreendimentos.
Em 2012, um recorde de 70 empresas se candidataram a mostrar suas ideias na Bend Venture Conference, que convida startups a apresentar suas ideias a um grupo de investidores iniciais que fazem contribuições mínimas de US$ 5 mil.
"Queremos que os investidores sintam que têm a melhor oportunidade de investir nas melhores empresas, e isso criar novos padrões para as companhias locais", diz Jim Coonan, o gerente de capital para empreendimentos da Economic Development for Central Oregon, uma organização sem fins lucrativos que patrocina o evento. "A chave é a exposição e o retorno conquistados".
Os seis finalistas do ano incluíam uma companhia de biotecnologia que desenvolveu um método para reduzir a resistência de pacientes a medicamentos; um sistema de hidrogênio combustível para torres de celulares; e um programa de fidelidade para pequenas empresas que arrecada fundos para caridade.
A vencedora, a Sonivate Medical, de Beaverton, Oregon, recebeu US$ 265 mil em financiamento por sua sonda de ultrassom que pode ser montada na ponta do dedo do usuário. E dois outros finalistas, ambos de Bend, receberam US$ 85 mil em capital. Se os eventos de anos anteriores servem como referência, diz Coonan, a maioria dos finalistas obterá mais capital.
Capital local não é essencial para criar uma comunidade empresarial robusta, mas a presença de investidores locais com bons recursos certamente ajuda. "É como a história do ovo e a galinha", diz Angelou. Ele aponta para o sucesso da Dell, no final dos anos 80, como momento decisivo para a transformação de Austin, de cidade universitária em polo de empresas iniciantes.
Em Grand Rapids, a cadeia de varejo Meijer, a fabricante de mobília para escritórios Steelcase e a Wolverine World Wide, fabricante de sapatos, estão prontas a apoiar uma nova geração de empresas - direta e indiretamente. Essas companhias e a Amway colaboraram no GRid70, um centro de design e inovação. O Instituto Van Andel, importante organização de pesquisa sobre o câncer, o Mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer, serve de âncora a outras empresas de biotecnologia e instituições de pesquisa.
DeVos diz que ele simplesmente aprecia ser parte do processo criativo, e compreender o efeito mais amplo do fomento a novas ideias.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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