Executiva da Duke Energy explica que chances não aparecem de forma linear
ANA MARIA FIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Determinada a ter independência financeira, a advogada Andrea Bertone, 51, chegou à presidência da Duke Energy International. Engana-se, porém, quem imagina a executiva seguindo uma trajetória linear.
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Ao contrário, afirma não ser uma pessoa que renuncia a tudo em nome da carreira. Ela aposta na flexibilidade e diz que as oportunidades não aparecem em linha reta.
Julio Bittencourt/Valor | ||
Andrea Bertone, presidente da Duke Energy International |
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Folha - Quando decidiu estudar direito, qual era seu objetivo profissional?
Andrea Bertone - No início dos anos 1980, o mundo era completamente diferente e eu não tinha noção de qual seria o meu objetivo profissional. Naquela época, tudo o que eu tinha era um objetivo pessoal muito claro: ser independente financeiramente. Para atingir esse objetivo, as opções que conhecia eram poucas. Medicina, engenharia, arquitetura ou direito. Tinha horror a números na época, o que hoje parece irônico.
O que a levou a participar como sócia de um grupo paulista de advocacia e fundar o braço carioca da sociedade?
Se a minha trajetória profissional tivesse sido linear, nunca teria fundado o escritório no Rio. Mas a minha trajetória foi tudo, menos linear. Eu mudei para o Rio por causa de um namorado e fui adaptando o resto da vida para acomodar minha carreira. É interessante pensar nesse movimento, porque foi consistente com o que eu continuei fazendo ao longo dos anos. Sempre tive uma visão holística da vida.
Por que se mudou para os EUA no início dos anos 1990?
Foi também por motivos pessoais. Na época, não quis perder uma oportunidade e larguei tudo, mesmo. Passei todos os clientes do escritório para uma amiga advogada e fechei as portas, sem saber que rumo a minha carreira ia tomar. Foi a melhor coisa que fiz. Muitas portas se abriram depois da mudança, para lugares que eu jamais teria imaginado ir, porque eu nem sequer sabia que existiam.
De volta ao Brasil, a sr.a passou a trabalhar no setor de energia. Como foi a transição?
Nos EUA, depois de fazer mestrado, fui trabalhar em um escritório de advocacia com presença internacional e ênfase em grandes clientes.
Meu plano era ficar alguns anos no escritório e depois migrar para o jurídico de alguma empresa nos EUA. Só que acabei recrutada para trabalhar para empresa de energia. Exatamente como queria, só que aqui no Brasil e alguns anos antes do que imaginava. Dois anos se passaram antes que eu voltasse para a Duke Energy nos EUA.
Em 2001 a senhora retornou aos EUA e oito anos depois tornou-se presidente. Quais as marcas de sua gestão?
Minha gestão sempre foi transparente. Digo o que tem que ser dito, ainda que a realidade não agrade e não tenho medo de tomar decisões que não sejam populares. Procuro me manter à margem das políticas corporativas e fazer o meu trabalho da melhor forma que posso, com perseverança, visando a minha meta. Acho indispensável ter uma equipe de supertalentos com o mesmo direcionamento.
A área de energia tradicionalmente é um reduto masculino. A sra. enfrentou dificuldades?
Nunca enfrentei um caso sério de preconceito, mas devo admitir que é preciso levantar a cabeça e não se deixar intimidar. Quando comecei a trabalhar na Duke, há 12 anos, não havia quase nenhuma mulher em cargos diretivos. Esse perfil mudou em 2006, com uma fusão e uma consequente mudança de gestão. A nova gestão, que prevalece, é muito mais aberta a promover mulheres. T
Quais cursos a sra. fez?
Fiz direito na USP, o que abriu muitas portas naquela época, e depois um mestrado nos EUA. Mas o que realmente fez a diferença foi o fato de falar vários idiomas. Além de viver no Brasil e nos EUA, morei na Argentina quando criança. Isso me deu uma sensibilidade cultural que até hoje é muito útil. Provavelmente, foram os idiomas e a habilidade de entender e de me adaptar a culturas diversas os fatores determinantes para chegar ao cargo.
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