Jovens têm choque com inóspito mundo corporativo
EMERSON CIOCIOROWSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os jovens em geral, quando saem do mundo acadêmico, tomam um choque para o qual não foram preparados: o inóspito ambiente do mundo corporativo.
O primeiro sentimento a ser despertado é a solidão, que será pano de fundo de todo o desenvolvimento de sua carreira. Prova disso são os relatos que recebo sistematicamente de executivos no trabalho de "coaching" (treinamento de executivos) que realizo.
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Tamanha é a solidão que me descrevem em momentos cruciais de sua vida profissional que me inspiraram a escrever dois livros sobre o tema.
O ambiente é inóspito na medida em que a competição exacerbada, a falta de companheirismo e os egos em busca das recompensas imediatas, na maioria das vezes estimulados pelos próprios empregadores, acabam desenvolvendo nos jovens uma visão individualista em que o medo toma conta do indivíduo e gera um comportamento agressivo ou de fuga, como resposta às constantes ameaças que lhes são impostas.
Daí para baixar a autoestima e sentir insegurança é um passo muito pequeno. Para sermos menos solitários, precisamos ter a coragem de assumir nossas limitações e nos relacionar com o mundo à nossa volta.
Creio que a única maneira de nos desenvolver é por meio dos relacionamentos. Precisamos, portanto, estimular a comunicação dentro do ambiente de trabalho, onde sejam verdadeiros o exercício do respeito, a colaboração e o genuíno trabalho em equipe.
Mas, para isso, é necessário que tenhamos momentos em que optamos por estar a sós com um objetivo específico, como refletir, conhecer nossos mecanismos internos, nossos medos, angústias e aflições.
Devemos buscar ser humanos e não super-heróis. Afinal, para nos desenvolver é necessário reconhecermos nossas limitações e, a partir daí, sim, buscar superá-las, mas sempre com gentileza e com respeito por si próprio e pelos que estão à nossa volta.
Pena que isso não se aprende nas universidades e nem nos MBAs da vida.
EMERSON CIOCIOROWSKI é "coach" desde 1996. Autor de "Executivo, o Super-Homem Solitário" e "Executiva, a Heroína Solitária".
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