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27/01/2013 - 05h22

Meta do governo é duplicar o número de doutores no Brasil

FLÁVIA MARCONDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A pós-graduação brasileira está em alta. De 2009 a 2010, o número de cursos "stricto sensu" cresceu 26%, chegando a 5.197. A meta do governo é fechar 2013 com 6.029 cursos e duplicar a quantidade de doutores titulados até 2020, especialmente nas áreas tidas como prioritárias para o país: tecnologia e biomedicina.

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O plano é ambicioso, mas ainda distante da realidade. Sobram vagas para mestrado e doutorado nas universidades e o motivo é apenas um: faltam talentos.

Luciana Whitaker/Folhapress
Felipe Jardim, aluno do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, está prestes a concluir o mestrado em engenharia de produção e concorrendo para o doutorado
Felipe Jardim, aluno do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, está prestes a concluir o mestrado em engenharia de produção e concorrendo para o doutorado

As falhas no ensino superior brasileiro vêm prejudicando a formação de pesquisadores, de acordo com Vahan Agopyan, pró-reitor de pós-graduação da Universidade de São Paulo.

"Muitos alunos graduados não conseguem entrar na pós -graduação ou, se entram, não conseguem acompanhar. É preciso ter bons candidatos. Certamente já estamos perdendo jovens talentosos que não têm oportunidade e se desviam da vocação de pesquisa", afirmou.

ÁREAS PRIORITÁRIAS

O problema é visível em todas as áreas do conhecimento, mas se torna mais grave nos cursos de engenharia e de saúde, que apresentam menor oferta de programas de estudo disponíveis nas academias e, consequentemente, são os que menos formam mestres e doutores.

Felipe Jardim, 27, está a favor da corrente. Formado em engenharia elétrica, trabalhou com construção civil e decidiu voltar aos livros.

Prestes a concluir o mestrado na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, já concorre para o doutorado e pretende estudar com bolsa fora do país.
doutores em falta

O número de cientistas e engenheiros no Brasil é um vigésimo do encontrado nos Estados Unidos ou no Japão, e a presença de doutores dessas áreas no setor empresarial é pífia: 7,1% -ante 26,7% na Alemanha, 52,6% na Itália e 62,2% no Canadá, de acordo com dados levantados pelo Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020.

Para mudar esse cenário, o governo investe na distribuição de bolsas de estudo no exterior específicas para pesquisas em tecnologia. "Essa iniciativa olha com mais clareza áreas 'novas'", afirma Divonzir Arthur, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Arthur se refere aos ramos do conhecimento cujas demandas os programas tradicionais encontram dificuldades para atender ou que têm um atendimento mais adequado no exterior. Outra vantagem da iniciativa, diz ele, é atender a essa demanda por especialistas de modo mais rápido.

Ao concentrar recursos adicionais nas áreas apontadas como estratégicas, o governo reduz as pressões sobre os programas domésticos, que poderão atender melhor às demais áreas, especialmente as de humanas, sociais e artes, segundo Arthur.

"Não há uma área em que o país não precise de mais pessoas com capacidade de pesquisar, refletir e criar."

Para o especialista, em todos os campos da ciência, o Brasil está precisando renovar conhecimentos e práticas e aproximar-se do que há de mais avançado no mundo nas artes, na ciência e no emprego de tecnologias.

IMPULSO
Na avaliação de Agopyan, o Brasil ainda tem capacidade para dobrar o número de orientandos e impulsionar a formação de mais especialistas. Hoje, a média no país é de três alunos orientados por cada doutor, mas pode ser mais. Nas disciplinas teóricas, a média é de dois por professor. Já nas áreas experimentais, como física e engenharia, pode chegar a 15.

De 2001 a 2011, entre as áreas que tiveram maior crescimento na oferta de pós-graduação "stricto sensu" estão sociais aplicadas, letras e ciências humanas.
No período, os campeões no avanço foram os cursos multidisciplinares.

 

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