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27/01/2013 - 05h57

Estudar em instituição de excelência abre oportunidades em pesquisa

ALLAN RAVAGNANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para quem deseja seguir carreira acadêmica, cursar o mestrado e o doutorado em uma instituição de ponta pode fazer toda a diferença. Melhor estrutura física, mais verbas para bolsas e pesquisas são alguns dos diferenciais nos programas de pós-graduação que ganharam nota máxima na avaliação da Capes.

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Responsável pelos programas de pós-graduação "stricto sensu", a entidade divulga notas na escala de um a sete.

Na mais recente medição da Capes, de 5.333 cursos avaliados, 234, ou 4,39% do total, atingiram a nota máxima. O Sudeste tem o maior número -124 somente no Estado de São Paulo. Todos em universidades públicas, exceto o Hospital A.C. Camargo com o curso de oncologia.

Alessandro Shinoda/Folhapress
O mestrando em ciencia politica, Pietro Carlos de Souza Rodrigues, 26, na USP; seu curso recebeu nota máxima na Capes
O mestrando em ciencia politica, Pietro Carlos de Souza Rodrigues, 26, na USP; seu curso recebeu nota máxima na Capes

Espalhados pelo Estado, a USP tem 70 cursos com a nota máxima sete; a Unicamp, 28; e a Unesp, seis.

A região Sudeste tem 198 cursos com nota máxima; na Sul são 32; no Centro-Oeste e Nordeste, 2; e nenhum na região Norte.

A USP lidera no país com o maior número de programas de excelência. O segundo lugar é da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Unicamp, com 28 cursos com a nota máxima sete.

DIFERENCIAIS
Obter a nota máxima representa garantir benefícios e incentivos para a instituição avaliada. Ela passa a integrar o Proex (Programa de Excelência Acadêmica) da Capes.

Os integrantes dessa tropa de elite recebem verba adicional para investir, de acordo com as próprias prioridades, em concessão de bolsas (gerenciadas pelo próprio curso), aparelhamento de laboratórios, intercâmbios, custeio para elaboração de dissertações e teses, eventos e publicações, entre outros.

Avener Prado/Folhapress
Nobuiuki Costa Ito, 31, doutorando em administração em curso de excelência no país
Nobuiuki Costa Ito, 31, doutorando em administração em curso de excelência no país

Para Rogério Arantes, docente do programa de pós-graduação em Ciência Política da USP, instituição que recebeu a nota máxima na última avaliação, participar do Proex traz responsabilidades.

"As metas passam a ser mais exigentes e isso nos desafia a manter o patamar de qualidade da produção intelectual e da formação discente. Você se vê incentivado a realizar planos mais ambiciosos, como o de uma real e efetiva internacionalização do programa, por exemplo."

Outro efeito positivo de obter a nota máxima, segundo Arantes, é que atrai bons candidatos. "Com bons alunos, o desempenho do programa tende a ser melhor, criando um círculo virtuoso."

Para a coordenadora do programa de pós-graduação em Ciência de Alimentos da USP, Bernardette de Melo Franco, o ponto forte desses programas é o corpo docente. "Há um equilíbrio saudável entre professores experientes, com grande produtividade, e professores jovens com ideias inovadoras", afirma Franco.

Outro diferencial é a produtividade dos alunos, com participação efetiva dos pós-graduandos nas publicações científicas e na apresentação de trabalhos em congressos, no Brasil e fora.
"É muito comum os estudantes realizarem intercâmbios internacionais, o que amplia os horizontes e sofistica a pesquisa que executam", ressalta Bernardette.

RECURSOS
Nobuiuki Costa Ito, 31, doutorando em administração na FEA-USP, concorda que entre os principais diferenciais estão o contato com alunos e professores de outros países, tanto pessoalmente quanto por aulas via videoconferência. Ele também destaca o acesso aos recursos para viagens.

Ito afirma que um programa rápido no exterior ajudou sua pesquisa. "Houve um curso de um renomado pesquisador econômico na Suécia. Durou cinco dias e fomos convidados a descrever nossa pesquisa aos alunos e professores. Recebíamos críticas e sugestões", descreve.

Segundo o pesquisador, a troca de experiências foi produtiva e rendeu a publicação de material que surgiu desse evento. "Não esperava tanto, mas um evento curto teve um impacto muito grande no meu desenvolvimento como pesquisador", revela Ito.

Maíra Rosin, 27, mestranda em história social na USP, também exalta a estrutura atual na comparação com a universidade onde se graduou em história. "Não faltam equipamentos nem suporte para o uso deles. Todos os professores são altamente qualificados, sendo referência até no exterior."

Para ela, refeitório e moradia estudantil também fazem diferença para a qualidade do programa, por serem instrumentos capazes de atender aos alunos com restrições financeiras e, assim, atrair mais talentos para a pesquisa na universidade.

Não há um dado preciso que quantifique se os alunos, ao completar esses programas, continuam na área acadêmica ou partem para o mercado, até porque, em muitos casos, é possível conciliar as duas atividades.

Para Arantes, "o aluno com dedicação integral ao programa tende a buscar inserção acadêmica depois e o êxito nesse sentido tem sido alto".

De acordo com ele, os que dividem o tempo entre a pós-graduação e uma atividade profissional tendem a permanecer no mercado, mas se beneficiam da condição de mestre ou de doutor para ascender na profissão ou mesmo para redirecionar a carreira profissional.

O mestrando em ciência política na área de relações internacionais Pietro Rodrigues, 26, pretende conciliar o trabalho no mercado com a pesquisa acadêmica.

"Quero trabalhar em consultorias de negociações internacionais e também dar aulas, se for possível."

Segundo ele, esse é um desejo comum entre os seus amigos, que almejam posições no mercado que permitam trabalhar em atividades burocráticas sem se desligar da pesquisa acadêmica e da docência.

PRODUÇÃO
Para o professor de ciência política na USP, o padrão de qualidade pleno de um programa de pós-graduação e o consequente reconhecimento com a nota máxima na Capes ocorre quando o processo de aperfeiçoamento do curso é levado a cabo no triênio entre avaliações, "especialmente no que diz respeito à produção docente de qualidade, formação de mestres e doutores e a capacidade de liderança acadêmica e profissional".

São esses os principais fatores que fazem um programa ser avaliado como de ponta, afirma ele.

Para realizar a avaliação dos programas, a Capes leva em conta uma série de critérios, divididos em 11 indicadores. As categorias que fazem o curso ganhar o nível de excelência são o conteúdo das disciplinas, a proposta do programa, a produção técnica, o trabalho dos docentes, a qualidade das teses e das dissertações, as linhas de pesquisa, a atuação dos professores, a produção bibliográfica, a formação do corpo docente e, finalmente, os projetos de pesquisa.

Cada área de estudos tem seus próprios critérios e pesos diferentes: a avaliação de um programa de medicina, por exemplo, prioriza aspectos diferentes da avaliação de um programa em antropologia ou engenharia.

 

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