Aplicativos transformam celulares em consultores de beleza
ALIX STRAUSS
DO "NEW YORK TIMES"
Será que um iPhone pode tornar alguém mais bonito? Muitos dos proprietários do aparelho estão acostumados a usar o modo "narcisismo" de sua câmera para aplicar maquiagem ou ajeitar o penteado em qualquer lugar --por exemplo, para aplicar sombra brilhante sobre uma base neutra antes de uma festa de fim de ano.
Divulgação | ||
Aplicativo L'Óreal Paris Color Genius, que ajuda o usuário a escolher roupas e maquiagens |
Mas isso é apenas o começo do que seu celular (ou tablet) pode fazer pelo seu rosto. Graças aos aplicativos, esses aparelhos agora funcionam como consultores de cores e penteados, localizadores de spas e especialistas em cuidados com a pele.
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Da Aveda à Yves St. Laurent, quase todas as companhias de cosméticos oferecem um aplicativo grátis. Alguns deles dão conselhos ou a oportunidade de consultar um especialista. Outros fazem recomendações de produtos ou demonstram o efeito que os itens que você está pensando em comprar terão sobre sua aparência.
O L'Óreal Paris Color Genius ajuda o usuário a coordenar roupas e maquiagens, tirar uma foto do resultado e depois decidir se os dois elementos combinam, contrastam ou se complementam. No mundo das revistas, o InStyle Hairstyle Try-On permite que as usuárias satisfaçam a curiosidade em relação a que cara teriam usando o corte de cabelo de Jennifer Aniston ou Heidi Klum.
Opções como essas ajudam a estreitar a distância entre usuário e o produto, diz Hillary Sica, diretora associada de parcerias da ModiFace, uma empresa que desenvolve tecnologia para makeovers virtuais, sediada em Toronto mas com um escritório em Nova York. "As pessoas se sentem mais confortáveis ao escolher se puderem primeiro observar opções parecidas com elas", diz Sica.
Muitos desses aplicativos são puramente comerciais, como o da cadeia Sephora, que atrai compradores com dicas, cupons e amostras, permite que experimentem cores de esmaltes, registra seu histórico e suas listas de compras e lê códigos de barra de produtos adquiridos.
Mas outros invadem o território da saúde pública. O MyUVAlert, da Coppertone, por exemplo, oferece aos consumidores informações locais detalhadas sobre a radiação ultravioleta UVA e UVB, lembretes sobre renovação do protetor solar, cupons de descontos, e dicas sobre proteção contra o sol (a maioria envolvendo produtos Coppertone, é claro).
"Os aplicativos dermatológicos mal começaram a se desenvolver", disse Daniel Joseph, fundador da App Business, uma produtora de software em Londres. "Não surpreende que a maioria dos apps tenha pouca utilidade e procure apenas a atenção dos usuários em curto prazo".
Mas isso pode estar começando a mudar. Se as páginas amarelas costumavam colocar profissionais de saúde ao alcance de um telefonema, os apps os colocam praticamente no seu colo.
A MyChelle Dermaceuticals, companhia de produtos para a pele de Louisville, Colorado, oferece uma consulta gratuita de 30 minutos com uma esteticista licenciada, via Skype, iChat ou FaceTime, aos usuários de seu aplicativo. O app foi lançado no ano passado e já foi baixado por 3.500 pessoas, de acordo com a companhia.
Você está com uma verruga que o preocupa? O SpotCheck, desenvolvido no ano passado pelo Dr. Bobby Buka, um dos diversos dermatologistas credenciados que avaliam as fotos de problemas de pele enviadas pelos usuários, responde em prazo de 24 horas para informar se a verruga tem algo de atípico. (O download do aplicativo é grátis, mas submeter a foto para avaliação custa US$ 4,99.) Seis mil pessoas baixaram o programa, e 4.000 fotos foram submetidas. Destas, 70% eram atípicas, ou pré-cancerosas, e requeriam observação direta, de acordo com a companhia.
"'Será que preciso ir ao médico por isso?' é uma pergunta inicial que pode afastar os pacientes de uma consulta médica tradicional", diz Buka. "Nos Estados Unidos, a pessoa em média precisa esperar 38 dias por uma consulta com um dermatologista. E se você tem prazo curto para detectar um melanoma, 38 dias podem ser caso de vida ou morte".
A SpotCheck também oferece uma lista de médicos que se comprometem a atender o usuário em prazo máximo de duas semanas. O serviço está disponível em Nova York, Nova Jersey e na Califórnia, com menos de dez dermatologistas credenciados. A Flórida será adicionada à lista em breve, diz Buka. O objetivo é obter a participação de dermatologistas de todos os Estados norte-americanos.
O desenvolvimento de apps como ferramentas de diagnóstico não vem acontecendo sem escrutínio. No ano passado, o AcneApp, criado pelo dermatologista Dr. Greg Pearson, alegava combater acne e rugas ao emitir uma luz azul ou vermelha quando o celular era premido contra a pele. O app foi retirado da iTunes depois que a Comissão Federal de Comércio se envolveu no caso, alegando que a publicidade do aplicativo fazia alegações referentes à saúde sem apresentar provas científicas. O app registrou mais de 11,6 mil downloads. O Acne Pwer, outro programa semelhante para o Android, também foi eliminado.
As duas empresas resolveram os casos por acordo, sem admitir quaisquer delitos. Os dois estiveram entre os primeiros processos apresentados pela FTC quanto a alegações de saúde na divulgação de apps.
A Own, uma companhia de tratamento de pele sediada em San Francisco, adotou abordagem mais brincalhona ao introduzir seu aplicativo gratuito, o My Own App, neste mês. Usando tecnologia de reconhecimento facial para mapear 50 pontos no rosto do usuário, o app avalia sinais de envelhecimento contando as linhas finas, as rugas profundas, a porcentagem de pigmento e as manchas de idade. Os números são comparados à média da faixa etária.
"Para mim, os resultados foram oito em termos de rugas profundas na testa, 23 em linhas finas em torno dos olhos e 28 em manchas de idade", disse Stephen Matt, vice-presidente de marketing da Own.
Os usuários enviam uma foto do rosto e respondem a algumas perguntas, indicando seu tipo de pele e data de nascimento. Dois minutos depois de submeterem os dados, recebem uma análise de sua compleição. (Esta repórter ficou feliz ao descobrir que seu índice de rugas é melhor que a média para sua faixa etária, ainda que o app tenha sugerido duas máscaras faciais, e um creme noturno de combate a rugas que custa US$ 25.)
Matt também aconselhou o uso da ferramenta de rastreamento, que permite que os usuários acompanhem as mudanças em sua pele ao longo dos últimos meses. A Own também encoraja modificações de estilo de vida, como dormir com fronhas de seda para evitar rugas.
Tradução de Paulo Migliacci
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