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25/04/2013 - 01h04

Aliar maior potência a menos consumo é o desafio do futuro

FERNANDO VALEIKA DE BARROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A fumaça preta que sai dos escapamentos dos caminhões está com os dias contados. Normas de proteção ambiental e o petróleo cada vez mais caro obrigam as montadoras a pensarem em soluções mais limpas para o transporte de cargas.

"Os transportadores terão de se debruçar sobre várias soluções, como melhor logística, técnicas de condução mais eficientes, motores menos poluentes e novos combustíveis", afirma Anders Ahlback, chefe de projeto da área de progressos para o transporte da Universidade de Tecnologia Chalmers, em Gotemburgo, na Suécia. E tudo em veículos que não param de aumentar de tamanho.

Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress

Com caminhões cada vez maiores, está sendo possível levar mais carga, aumentar a velocidade nos deslocamentos e reduzir o número de veículos em circulação.

Mas a estratégia implica necessariamente mais potência no motor. Em 1970, caminhões com 350 cv estavam entre os mais potentes. Hoje, a média é de 450 cv, e há modelos de até 750 cv.

A elevação da força, porém, não pode resultar em aumento da emissão de poluentes. Os pesados têm buscado tecnologias cada vez mais limpas, geração após geração.

Alcançar esse objetivo só é possível graças a três avanços simultâneos: a melhor queima do combustível no motor, a instalação de filtros e catalisadores e também a tecnologia de recirculação de gases de escape.

Na comparação com modelos feitos na década de 1970, os caminhões atuais estão cerca de 40% mais econômicos. Além disso, um caminhão moderno emite 50 vezes menos particulados de enxofre que os veículos pesados de quatro décadas atrás.

Além do bloqueio da poluição pelos filtros, parte do combustível não queimado -e que antes sairia pelo escapamento- retorna para entrar novamente em combustão, reduzindo bastante os níveis de emissões.

HÍBRIDOS

Outra alternativa são os caminhões híbridos, que começaram a chegar ao mercado europeu. Neles, tal como ocorre com automóveis como o Chevrolet Volt ou o Toyota Prius, um motor elétrico, alimentado por bateria, auxilia o propulsor a combustão.

A francesa Renault Trucks lançou o Maxity, que leva 4,5 t e é 20% mais econômico que um 320 cv a diesel. "A tecnologia é baseada no Leaf, o primeiro carro elétrico da Nissan", conta Hideto Murakami, vice-presidente da divisão que integra o grupo Renault-Nissan.

Divulgação
A francesa Renault lançou no mercado europeu o híbrido Maxity
A francesa Renault lançou no mercado europeu o híbrido Maxity

"Assim como já está acontecendo com os carros de passeio, haverá cada vez mais alternativas para os modelos de carga", afirma Gilberto Leal, gerente de desenvolvimento da Mercedes, que lançou o Atego Hybrid na Europa.

A marca já testa até o Atego movido a células de combustível, que utiliza hidrogênio, o que reduziria a emissão de poluentes a quase zero.

Na Alemanha, a Siemens e a Scania desenvolveram protótipos híbridos que rodam com óleo diesel e eletricidade vinda de pantógrafos no teto, como os trólebus que circulam em São Paulo.

"O testes mostram que a economia obtida com essa tecnologia é bastante razoável", diz Henrik Henriksson, vice-presidente da Scania.

O principal obstáculo aos caminhões híbridos é o preço de venda elevado: custam quase o dobro de um modelo equivalente a diesel, segundo fabricantes.

A diferença pode diminuir com a produção em escala.

Outro problema é a adaptação de proprietários de frotas à autonomia reduzida. Os sistemas atuais reaproveitam a energia da frenagem para recarregar a bateria, mas basta um aperto mais
forte no pedal do acelerador, uma subida bastante acentuada ou o funcionamento pleno do ar-condicionado para que a quilometragem disponível caia rapidamente.

DIESEL DE CANA

Em fase final de desenvolvimento, a tecnologia batizada de diesel de cana é uma criação da companhia americana Amyris Biotechnologies. A pesquisa é patrocinada pela fundação que o bilionário norte-americano Bill Gates, criador da Microsoft, mantém com sua mulher, Melinda.

O combustível é feito a partir de um tipo de fermentação que gera um óleo sintético, de origem vegetal, com 15 átomos de carbono.

"Dessa forma, o combustível consegue ter um rendimento compatível com o diesel feito a partir do petróleo e trará os benefícios da tecnologia flex para o transporte de carga", afirma Gilberto Leal, gerente de desenvolvimento da Mercedes.

Enquanto o etanol tem um poder energético cerca de 60% menor do que o diesel de petróleo, o combustível de origem vegetal desenvolvido pelos pesquisadores apresentou rendimento equivalente ao do combustível fóssil.

Os pesquisadores afirmam que essa opção é mais eficiente que o biodiesel disponível hoje, pois a queima do diesel de etanol não exigirá alterações nos motores antigos. Ou seja: caminhões que já estão em circulação poderão ser abastecidos com ele.

O plano é, inicialmente, misturá-lo ao diesel comum para ajudar a reduzir a poluição na comparação com os motores da atual geração.

O projeto ainda está em desenvolvimento e, enquanto o diesel de cana não vem, a opção é aliar as tecnologias atuais aos combustíveis "verdes" já utilizados.
Na Suécia, modelos da Volvo já rodam com biodiesel e câmbio automatizado I-Shift de 16 marchas.

A transmissão mais longa ajuda a economizar combustível, já que a rotação do motor funciona dentro do ciclo ideal, sem "esticadas".
Segundo a marca, o sistema automatizado ainda traz o benefício de reduzir o esforço físico dos motoristas.

 

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