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22/09/2012 - 18h00

"O trânsito na Vila Andrade é infernal", diz moradora

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Moro na região há 30 anos. Antes, eu vivia nos Jardins (zona oeste). Decidi sair de lá depois de um dia em que estava em um açougue com a minha filha, recém-nascida, e fomos assaltadas.

O ladrão enfiou uma metralhadora no carrinho da minha filha. Uma semana depois, eu estava morando na Vila Suzano (bairro da Vila Andrade).

Adriano Vizoni/Folhapress
Lia Tulmann, 61, proprietária do Restaurante Lia Gionro, mora na Vila Andrade há 30 anos e diz que, naquela época, "era como viver fora da cidade"
Lia Tulmann, 61, proprietária do restaurante Lia Gionro, mora na Vila Andrade há 30 anos

Há 30 anos, não existia nada na região do Morumbi e da Vila Andrade. A gente chegava na [avenida] Faria Lima em dez minutos. Hoje, demoro uma hora. Aqui era outro mundo, era como viver fora da cidade.

Hoje, o trânsito na região é infernal e tem muito assalto, mas, por outro lado, temos tudo no bairro, não é preciso sair da região para comprar nada.

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O que mais gosto na região é o bairrismo, é ir ao supermercado e demorar mais do que imagino porque encontrei um monte de amigos, ir ao restaurante e encontrar as pessoas quem conheço. Gosto também da natureza e do ar puro.

Nunca pensei em me mudar daqui. Sou uma apaixonada pela região."

*

"Quando cheguei em Paraisópolis, era barato comprar uma casa"

"Nasci na Bahia, na cidade de Santo Estevão, em 1957. Vim para São Paulo aos 19 anos para trabalhar em obra [construção civil]. Em 1985, com 28 anos, vim morar em Paraisópolis por indicação de um amigo que queria comprar uma casa. Esse amigo acabou indo embora depois, mas eu fiquei com a casa.

Lucas Lima/Folhapress
Estevão Silva da Conceição, 55, conhecido como o Gaudí de Paraisópolis
Estevão Silva da Conceição, 55, conhecido como o Gaudí de Paraisópolis

Daí, um dia, plantei uma roseira lá fora e ela morreu. Resolvi arrancar a roseira e suspender o jardim. Fui colocando aos poucos as pedras, os pratos e os pires. Essa parte do jardim que é hoje mais comparada ao parque Güell [obra de Gaudí, em Barcelona].

A casa não é normal, é toda cheia de estrelas. Quando cheguei aqui, em Paraisópolis, era barato comprar. Agora é muito caro.

Naquela época, a comunidade era muito diferente, essa rua era cheia de buracos, não dava para andar direito. Hoje virou uma cidade, tem água, luz e esgoto. O bairro também não tinha trânsito. O que a gente fazia em 15 minutos agora é uma hora. Mas eu dou sorte, vou para o trabalho fora do horário de pico.

A primeira matéria que fizeram sobre a minha casa saiu na antiga "Revista da Folha", há uns 18 anos. Depois lá para cá, saí em vários lugares: TV, rádio, filmes. Até hoje vem muita gente da TV me visitar.

Fiquei famoso, mas não fiquei rico. Desde que "me descobriram", minha vida não mudou em nada, continuo trabalhando muito.

Fui para Espanha em 2001 conhecer o trabalho do Gaudí. Quando comecei a construir a minha casa, eu nem sabia quem era o Gaudí... E realmente acho que minha casa parece bastante com o trabalho dele. Tanto que me chamam de Gaudí brasileiro.

Na minha opinião, minha casa ainda não está pronta. O meu plano é terminá-la algum dia."

*

"Aqui é o melhor lugar do mundo. Sou um apaixonado pelo bairro"

"Moro na região há 14 anos. Vim para a Vila Andrade por acaso. Estava querendo mudar de profissão e, como sempre gostei de cozinhar, pensei em abrir um restaurante.

Lucas Lima/Folhapress
Paulo Maia, 55, proprietário da Prizzaria Mercatto mora há mais de 20 anos na Vila Andrade
Paulo Maia, 55, proprietário da pizzaria Mercatto, mora há mais de 20 anos na Vila Andrade

Fiquei dois anos pesquisando e achei que a Vila Andrade poderia ser um bom local para o restaurante porque era distante do grande centro. Eu também queria uma vida mais sossegada, e achei que o Morumbi oferecia essas condições.

Aqui, há alguns anos, era bem selvagem... Tinha carro de boi... Não havia tantos prédios. O bairro começou a crescer e hoje se transformou em uma espécie de Higienópolis.

O que eu mais gosto é do verde da região e do parque Burle Marx. Aqui é muito bom para caminhar, contemplar a natureza. Tenho rinite e, quando atravesso a ponte [sobre o rio Pinheiros para a região central da cidade], começo a ter problemas de respiração.

O metro quadrado da Vila Andrade ainda é barato se comparado ao resto da cidade. É um bairro bom para quem curte esporte, há grandes condomínios que parecem clubes.

Hoje, o bairro tem tudo: farmácias, médicos, escolas. O que você quer mais? Aqui é o melhor lugar do mundo. Nem Paris, nem Nova York e nem Londres. Sou apaixonado por esse bairro."

*

"Se eu tivesse dinheiro, queria morar aqui"

"Gosto demais de trabalhar aqui, se eu tivesse dinheiro, queria morar aqui. Faço muita amizade, todo mundo me conhece, até porque acho que sou o único vendedor de doces na região.

Adriano Vizoni/Folhapress
Silvinho da Guitarra, 45, vendedor de doces no semáforo, trabalha há 14 anos na Vila Andrade
Silvinho da Guitarra, 45, vendedor de doces no semáforo, trabalha há 14 anos na Vila Andrade

Há 14 anos trabalho nesse mesmo ponto, e vi triplicar o número de carros. Isso foi positivo para mim, pois aumentei muito as minhas vendas. Vi também surgirem vários novos prédios. O bairro cresceu muito nos últimos anos.

Meu nome na verdade é José Gualdo, mas aqui todo mundo me conhece como Silvinho da Guitarra, porque toco violão e guitarra. Canto e componho também."

 

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